quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Diário da artista - MOVIFEMI Um presente de 2016

Participei de um seminário sobre gênero e sexualidade.
Fui pelo trabalho, como se debater e aprender sobre o feminismo e questões de gênero pudessem ser algum trabalho pra mim.
Não mesmo! :P

Estar ali, diante de tanta diversidade e compreensão quanto às batalhas, e aos reais direitos das mulheres, e de todas as questões de gênero que geram tanta polêmica me causou muitas sensações. Parece mesmo que botamos medo neste pessoal preconceituoso...

Mas não é disso que eu quero falar, quero exaltar as coisas boas disso, apenas as boas, assim como falar dos “presentes” que recebi neste 2016 tão controverso e conturbado. Sempre existe o labo bom, e quero falar do meu, ou de parte dele.

Basta conversar comigo por dez minutos pra saber como eu AMO falar sobre as mulheres, e estas questões de direitos e respeito às diferenças, é tão natural que eu nem imagino como seria NÃO ser assim. E foi nessa dinâmica que eu conheci o Eduardo Kawamura, em uma reunião que nada tinha a ver com o assunto. Mas ele comentou que existia um coletivo feminista na escola em que ele lecionava. Os meus olhos brilharam, e o meu estomago parecia querer explodir de curiosidade.

Coletivo? 
O que seria isso para mim, sempre tão sozinha em meus ideais.
Desde menina chamada de “briguenta”, chata, ou “Ovelha Negra”.

Ao primeiro contato com as meninas  do MOVIFEMI (Movimento Feminista na escola) da EMEF Eduardo Prado,  me senti uma criança no parque de diversões, trocando ideias, rindo, e me emocionando
Um turbilhão de sentimentos!
Elas contanto as suas conquistas ainda tão jovens, foi surreal.

Saí de lá renovada, imersa em esperança e encantada por tanta energia.  Elas foram tão acolhedoras, que me senti como se fizesse parte daquilo. 
Amei. <3

Depois dessa experiência conheci mais grupos, o da EMEF Sergio MIliiet, e o da EMEF Clotilde Rosa. Percebei na prática o que é uma força coletiva, como se todas nós estivessemos de mãos dadas sem ao menos nos conhecer pessoalmente. 
 As meninas do MOVIFEMI visitaram outras escolas, falaram sobre as suas experiências, e trocaram mais ideias de como o movimento feminista acontecia na escola delas.

Para o seminário seria preciso indicações, para que os relatos sobre questões de gênero acontecessem. Claro que não podia ser diferente, foram elas as indicadas, minhas queridas amigas de luta e de sonhos que nos representaram, e como eu esperava fizeram isso divinamente.

Falaram sobre a simplicidade que consiste o direito de ir e vir como um ser humano, e como é complicado viver este direito no dia a dia quando se é mulher. Também falaram de política e de questões como homofobia e racismo. O Movifemi foi muito bem representado pela Isabela e a Larissa, e também pela Nicole, que é da EMEF Clotilde Rosa, que também esta integrada na luta nossa de cada dia.

Elas foram tão lindas e tão aplaudidas que eu pensei que fosse explodir de alegria, 
elas são a nossa voz, e como cantam bonito!

Ao finalizar as suas falas, ME AGRADECERAM, falaram sobre a nossa parceria, e o meu apoio. Meu coração ficou radiante, os meus olhos se encheram de lágrimas e a minha voz embargou.  Eu não conseguia pensar ser digna de tanto carinho...
Senti muita gratidão pela vida ter me apresentado algo tão bonito,
a generosidade de meninas tão belas e fortes.  

O MOVI FEMI representa muito mais que feminismo, ou a beleza da juventude na boca e nas ações de meninas tão corajosas, representa a esperança de mudar o mundo, de fazer do lugar em que vivemos um espaço de oportunidades para TODAS E TODOS!

Eu agradeço a cada ser que conheci neste movimento,a todos os colegas que engrossam o coro da luta por diretos, e é claro, a todas as meninas do movimento, mas TODAS mesmo, cada uma com seu jeito especial de ser.
No final do relato me senti mais jovem, mais livre e mais forte!

Em 2016, foi um prazer conhecer estas grandiosas futuras mulheres.

É uma honra fazer parte deste coletivo (acho que faço parte :P),
 e renovar as minhas energias a cada encontro, a cada novo conselho e troca de vivências.


Para hoje: Meninas, segura o mundo que ele é nosso! 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Diário da artista - Arte essencial

Fui assistir uma peça de teatro, a peça se chama "Panos e Lendas”. Fui a partir de um convite, e como dificilmente evito a arte, é claro que aceitei.
 A peça é voltada para o publico infantil, lamentei não estar com nenhuma das crianças que estão em meu convívio, seria mágico para eles, assim como foi para mim.

Mas como assim? 
Espetáculo pra criança, contadores de histórias, musicas de cantigas e lendas!

Exato, como é bom viver momentos de "Alice”, sempre que acontece procuro fazer bom uso.

Eu sei que muitas vezes não é fácil se permitir a isso, as crianças fazem isso muito bem, mas os adultos, que, aliás, são os que mais precisam sentem dificuldade em se permitir ao lúdico, como se as dores da vida e dos dias cinzentos tentassem sempre nos arrancar do riso,  assim ficamos a mercê das duras pedras, vivendo como se não existisse magia e arte.

Fico impressionada como nos vendemos fácil para a correria do dia a dia, o trabalho nos consome, e pouco é construído de benéfico dentro de nós com os frutos dele. 

Sempre cansados e esgotados pela fadiga... 
Que bom que existe a arte, o som, e que sorte conhecer a poesia. <3

Mesmo aqueles que experimentam o doce sabor de se libertar de energias ruins, não conseguem fazer disso algo simples. Acredito que temos um jeito único de sentir as coisas, mas se permitir ao universo da imaginação desafia as leis do básico dia a dia de se viver.

Fiquei a imaginar como seria a vida sem arte, creio que seria como viver em trevas, uma vida sem sonhos ou encanto, nada de respirar ares de felicidade, nem delírios de riso. Seria o caos. \0/

Após o fim do espetáculo, me pus a refletir, pensei que bom seria se todos conseguissem se abrir para sentir a arte e o seu poder de encantar e transformar em suas mil maneiras de fazer isso.

Pensei que talvez as lendas e as luzes do palco fossem partículas mágicas, que funcionam como desenvenenador de almas, retirando o ópio da vida, purificando os sonhos, e nos deixando mais leves. 
Parece até que a infância ainda vive em nós.

Não reparem nisso, ao descrever esta sensação é provável que eu estivesse sob forte efeito de substâncias intoxicas! ;) 

O espetáculo se foi, a vida continua com o trabalho, a realidade desigual, as diferenças entre os gêneros, raças e classes, nem parece que algo mudou.  Mas a arte sempre muda, e transforma algo, as dores do mundo sempre irão continuar, só quem muda somos nós, as pessoas, e somos nós os únicos capazes de mudar o mundo.



Para hoje: Que as luzes do palco sejam magia, e a vida pura poesia. 







Eu assisti a peça "Panos e Lendas no teatro do Shopping Raposo, sala Irene Ravache.
Maiores informações:
http://www.compreingressos.com/teatros/829-teatro-raposo-shopping-sala-irene-ravache

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Diário da artista: Reavaliar pra sonhar

Tive um estralo, um sopro no meu estomago me incomodou, e eu senti um gosto ruim na boca, como se tivesse mastigado alguma coisa crua, e o sabor do desgosto tivesse ficado impregnado. 
 Parei pra pensar sobre isso.

Lembrei-me de que já faz muito tempo que não escrevo, mas muito tempo mesmo, creio que quase dois meses, e isto é muito ruim. 
Quando falo de minha escrita não falo sobre contar coisas da minha vida e blá blá blá...

 A escrita para mim é como água ou alimento, é quando a alma se liberta, e os sentidos se despertam. O que seria de mim sem nenhuma expressão? 
Sem me sentir, me imaginar, viver-me. 

Passei a avaliar por que fiquei tanto tempo sem fazer aquilo que tanto amo, nem  textos curtos aqui, ou contos, ou problematizar no guerrilha feminina... Mesmo mantendo o facebook ativo e escrevendo poesias e frases curtas. 
Os textos são diferentes, é um auxilio para a minha própria construção,  crescimento pessoal e profissional, eu não posso parar, isto não seria justo comigo, na verdade isso é cruel. 

Lembrei-me de que sofri algumas decepções em campos cruciais pra mim (se é que algum campo não é ! rsrs), até pensei em escrever sobre isso, mas não consegui, não tive o ânimo necessário. 
Este é o preço de ser intensa, é um sobe e desce nas emoções que chega me dá pânico! 

Mas diante disso repensei a mim mesma, e cheguei a conclusão de que é muito mais fácil desistir a prosseguir, é preciso ser muito forte, e  realmente fazer do sonho um alimento, algo que realmente necessitamos, para que aquilo que nos faz bem faça parte da nossa vida. 

Algumas vezes o mundo e suas cobranças tende a nos sufocar, nos calar as emoções, nos roubar o tempo e nos tirar o riso. 

Decidi que mesmo tendo vivido várias coisas dignas de textos incríveis, retomarei daqui, não me lamentarei. Farei disso o meu alimento, como sempre foi, tentarei ser mais forte a cada dia.  

Mas e quanto a você. O que retirou de sua vida sem perceber? 

O que era importante, mas hoje se perdeu nos ventos do tempo e ficou na saudade e nas lembranças? 
Substituiu por algo novo que combina com a nova versão de você mesmo, ou foi substituído por fazer a felicidade de outro alguém, para assim não precisar se preocupar com a sua?  

Buscar o próprio riso não é egoismo, é se amar e cuidar de si, é se fazer importante.

Amar a vida é divino, permanecer na luta é acreditar no sonho de mudanças.  
Ter reais motivos para sorrir é fácil, difícil é perceber isso.
Vou escrever,  e cuidar para não ficar contra a melhor parte de mim. 


Para hoje: Que eu sempre perceba, antes que me perca. 






terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sem crime contra Dilma, perde a Democracia e perde as mulheres



Dilma é o meu sonho de infância. Eu já escrevi isso quando ela foi eleita presidenta pela primeira vez, e foi também dessa vez que eu chorei feito criança. Agora eu estava lá, representada por “ELA”, sim, existia o ELA no comando da nação, enfim a voz de uma mulher seria ouvida, fosse boa ou ruim, com sucesso ou não, a única coisa que me importava era ter a chance, apenas isso. Mesmo sabendo sobre as chances de erro, e tendo consciência de que o meio politico é nojento, e que as pessoas quando brigam por poder conseguem ser ainda mais sórdidas do que pensamos.

Depois de ver cada etapa da luta de Dilma, e de ter a consciência de como as coisas caminharam para isso, percebo ainda mais como somos vitimas das circunstâncias, e como a experiência nos faz falta. Nunca nos deixaram comandar, sempre nos boicotando e cedendo apenas até o ponto que lhes é conveniente, para assim exigir as respostas que nem eles sabem, e que apenas nos faz parecer ainda mais incompetentes.

Tentam convencer as próprias mulheres do quanto elas são frágeis e incapazes de decidir a própria vida, de idealizar as próprias escolhas, como se fossemos eternas inválidas intelectuais, de pensamentos limitados e atitudes improdutivas e inteligentes diante de cada situação. Mesmo quando provamos isso, tentam nos convencer de que isso não é o bastante, e não obstante tentam nos derrubar, nos deixar sempre um ou alguns passos atrás deles.

A insegurança os assola, o medo de não continuar a ser uma muleta essencial, a não decidir tudo e por todos sem que nada seja consultado, sem que as pessoas sejam tratadas como merecem, sem que as mulheres EXISTAM verdadeiramente para além de um objeto de diversão, ou de serviçal. O MEDO os assola, e nos assola.

Peço que me perdoe a presidenta, eu sei de seu embasamento e respeito a sua declaração e posicionamento ético quanto a democracia, é para mim um exemplo, porém me pronuncio como mulher e cidadã.  Hoje a democracia não perdeu mais que as mulheres, perdemos a nossa representação, a nossa cara, recuamos grandes passos em nossos direitos, nos fazem de chacota, e as mulheres nem percebem que são elas as mais ofendidas e prejudicadas. Quando  ofendem Dilma com adjetivos pejorativos direcionados as mulheres é como se o seu pior defeito fosse o de ser mulher, como se possível causar vergonha por ser tão ousada e corajosa.

Dilma, a presidenta eleita, a primeira mulher presidenta do Brasil, eleita por mais de 54 milhões de votos, inclusive o meu, esta sendo arrancada de seu cargo por que não cedeu, assim como acontece com todas nós quando não cedemos, eles nos fazem sofrer, e usam tudo o que podem para fazer isso.
Dilma de coragem e força, colocou a cabeça a premio por bandidos, e assim como já se fez um dia com Jesus, será crucificada.

Dilma, apesar de seus erros como um ser humano que é, sempre foi para mim e para muitos motivo de orgulho, continua sendo a minha representante, e mesmo sendo derrotada não permitiremos que isto nos faça retroceder tanto. Eu sei que não desistiu da luta, e que esta serena quanto a sua missão como mulher e cidadã. Continua sendo o meu sonho de infância, e ainda me encanta com a bravura que as mulheres possuem.


Diante de uma realidade mentirosa e cínica do cenário politico, para as pessoas comuns, que se sentem cheias de razão e revolta, peço apenas para que ela seja julgada por tudo, menos por ser mulher.  


Para hoje: Dilma você não esta só, nenhuma de nós está. 

sábado, 27 de agosto de 2016

Diário da artista: O voo do beija flor no Teatro. Quando a realidade vira um sonho!

Sempre que eu  posso digo como os sonhos são essenciais para validar a nossa existência, para aliviar as dificuldades, e como isso nos fornece muita energia para prosseguir.

Esta semana eu tive uma surpresa, e sim, adoro surpresas. Mas não foi uma surpresa qualquer, foi algo maravilhoso, surreal mesmo.

Em uma oportunidade vendi o meu livro de poesias  “O voo do beija Flor” para um professor de Teatro, conversamos sobre a arte da interpretação que eu também amo, e que inclusive já estudei por algum tempo, falamos sobre politica, arte e poesia, e também sobre a minha paixão pela escrita.

Pouco tempo depois ele fez contato comigo e me disse que o meu livro era muito bom, eu fiquei bem feliz, afinal quem não gosta de receber elogios?

Mas eu enquanto artista, sofro de uma estranha percepção de mim, creio que muitos artistas se sentem assim. O meu livro é algo realmente importante e grandioso, são partes de mim que poucos entendem, é uma expressão de coisas que transitam por quem eu sou, e se transforma sendo, por vezes poesia. E como é bom quando acontece assim, é um alivio e uma glória.

Então como avaliar algo que te faz tão bem!?
 As vezes  não dá pra acreditar que alguém realmente goste dessas percepções. :P

Escrever pra mim é mais que profissão, eu entendo que não vou enriquecer vendendo livros, ideias e sonhos, mas eu sonho em transmitir uma mensagem de amor, esperança e reflexão, entre outras coisas que pensamos quando escrevemos e divulgamos algo.

Mas esta semana o Naidson ( o professor de teatro) me chamou para conversar, e disse que tinha uma proposta a respeito da minha obra. Fui até ele, cheia de lisonjeio e curiosidade, e recebi uma noticia que me deixou extasiada até agora.

O voo do beija flor vai se tornar uma peça de Teatro!
 O meu singelo beija flor ainda tão jovem e inseguro irá alçar voos maiores. <3




A peça será interpretada por jovens do ensino médio, tão belos e valorosos que chega emocionar. Eu assisti o ensaio e me enxerguei em cada um deles, como se eles tivessem me desvendando por dentro, e enxergado a força e o amor que eu não sabia que possuía.

 Foi delirante!

Assim a realidade se faz sonho, e o desejo antes inexistente, agora faz parte de mim e de toda a minha esperança e vontade.

 O grupo de Teatro comandado por Naidson é formado por Ygor, Giusepp, Kaik, Gabriel, Ana, Hillary, Lucas, Lucas Oliveira e Kaio. Todos eles gostaram de me conhecer, e digo isso com segurança, estou aprendendo a perceber algumas coisas sem que seja preciso alguém dizer. 
Eles pareciam encantados com a autora dos versos que estão ensaiando. Mas ainda são muito jovens, mal sabem que ninguém ficou mais encantada que eu. <3

Para Hoje: Beija flor, se tuas asas doem por que o voo foi maior que o esperado não lamentes, pois certamente a paisagem valeu a pena.






quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Perderam a batalha, a guerra continua! - Seleção Feminina de Futebol

A tristeza me pegou.

Eu não assisti o jogo do futebol feminino, estava no trabalho e preocupada de certa forma com o resultado. As informações chegaram em tempo real no watssap, estavam todos espertos e aflitos. Não me deixaram perder o lance, ou os lances.

Foi ruim acompanhar a derrota de um sonho tão bonito, e de uma luta tão intensa. Pior ainda saber que o time do Brasil tinha melhores condições técnicas, de conjunto e que criaram muito mais chances de gol que as suecas. Eu sou fã de futebol, e é muito triste ver uma grande seleção derrotada.

Engoli seco ao ver o resultado, a sensação ruim de derrota me dominou, senti um gosto amargo, respirei fundo pra não ficar desolada em um momento inoportuno, se é que posso falar assim.
A minha amiga me disse que era só um jogo e que alguém perderia. Sim, eu sei que ela tem razão, é só um jogo, mas na verdade esta além disso.

As meninas do Brasil é o meu sonho de infância, alias, um deles.
Jogar futebol, dito "coisa de menino" é um simbolo importante a ser quebrado pelas mulheres, é um espaço visto como inalcançável. Esta seleção, e o esporte mesmo mal remunerado e sem o reconhecimento merecido é uma grande conquista, é como se fosse possível ser realmente livre em pensamentos, ideias, e ao fazer escolhas... E sim podemos!

A derrota foi frustante, mas nada é pior que não ter voz nem direitos. Ruim seria não competir como era à pouco tempo atras. Ruim seria não ter conhecido Marta, Barbara, ou Cristiane... 
E todas as outras que compõe este time. 
Insuportável seria não ter mulheres no esporte, não desenhar o nosso estilo, não descobrir como é ser aquilo que nunca fomos. 

Meninas da seleção do Brasil, foi e sempre será um prazer torcer por vocês. 
No campo assistir um show de união, companheirismo e amor ao Brasil e ao esporte.

Vocês estão escrevendo a história do nosso futebol ainda tão recente, 
a história do FUTEBOL DE MULHERES!

Após alguns lamentos, e depois de algumas analises me acalmei, já que não tenho outra saída. kkkk

O pior de tudo isso é ouvir os comentários machistas, a incoerência e desrespeito quanto as profissionais, e as mulheres em geral.
 Eles não sabem nada, e o medo de "perder" espaço os apavoram.
Esta é só mais uma batalha de dentro e fora do campo, que travamos a cada dia. 

Avaliei melhor a situação e entendi que... 

Quem não compete não ganha ou perde, não vive e não sonha, muito menos se emociona...
 Foi mesmo uma pena esta derrota, mas não é o fim do mundo, muito menos o fim da luta das mulheres em conquistar e garantir o direito de viver o que desejar, e de perder quando for inevitável. 


Para hoje: Levante a cabeça, não é o fim da luta, apenas o inicio dela.  





Texto: Grazy Nazario. 



quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Poesia: Águás alegres - Lethycia

Os relatos são bons quando seguros, por vezes não estou tão segura, ou talvez ocupada com coisinhas rotineiras e sem tanta magia, que nos impedem de sentir a essência da vida... 
Mesmo assim é bom quando nos cabe poesia. 

A poesia é magica, e até quando estou triste ela me salva, mesmo quando me faz sofrer ou ficar mais triste. :p

Isso mesmo, quando fico triste e a poesia me consola, e me faz ficar ainda pior eu elimino tudo o que há em mim. Daí respiro e a tristeza se foi, e mesmo que reste uma sensação ruim, o pior já passou. Assim também acontece com a musica, um texto, uma interpretação ou qualquer linguagem artística. 

A Arte até quando faz mal, faz bem! :)

 Ela é a vida se escondendo e se mostrando, te querendo e ensinado, a Arte é maravilhosa! <3

Estou eu aqui me derretendo para os benefícios e malefícios do viver e sentir a arte que ia me esquecendo da poesia em si.

Eu com estes meus ditos pelos cantos de poesia e amor à arte, por vezes alcanço um ou outro ser.

Lethycia é minha sobrinha e tem 11 anos, amiga e também companheira na arte de algum modo, ela escreveu uma poesia e me pediu que eu a ajudasse, mas a poesia já estava pronta e linda, e ela nem havia se dado conta. Eu fiquei encantada com a simplicidade e inocência das palavras dela, tão linda, delicada e pura a sua poesia, assim como é a infância, assim como deveria ser sempre a vida.

 Então resolvi compartilhar essa experiencia com os meus leitores, e qualquer simpatizante de uma bonita escrita.

Segue as palavras belas, da bela criança.


Águas alegres.

Uma imensidão azul quase sem fim
Me faz sentir o cheiro, alegria de estar ali
Brinco, molho, corro descalço
E o mar me banha sem embaraço
O mar é ter felicidade no quintal
E quando não me faz sorrir, é só água e sal.


Lethycia Nazario.


Para hoje: Poesia é amor, e amor é sempre bem vindo. 














sexta-feira, 22 de julho de 2016

Diário da artista - Dilemas da escrita, e de um ser

Escrever sob pressão.  Quando será que conseguirei?

Comecei um texto que já tinha a ideia pronta, na verdade me contaram uma historia e eu achei o máximo, então resolvi escrever sobre. Mas o pior não é isto, eu queria muito usar este texto para uma publicação coletiva, que tem prazo de entrega. Estou um pouco fora do prazo, já que ainda não enviei. Não queria deixar para a última hora, isto seria péssimo,  mas o dia esta chegando e nada do texto estar finalizado.

Enfim sentei para escrever, tudo estava indo bem, afinal já se tem um caminho importante, a história e os moldes que eu quero escrever. Mas algo sério aconteceu, e para meu azar eu não tinha pensado nos problemas que esta situação poderia me causar. Não costumo escrever histórias prontas ou contadas, as minhas histórias acontecem dentro de mim, e como é bom ser livre!

Livre sim!

Acontecendo dentro de mim e só para mim, eu posso ser fiel ou infiel, posso mudar e transformar a hora que eu quiser, não estarei levantando falso, ninguém sabe sobre nada, só a Grazy irá definir o caminho dos acontecimentos a partir do que ela disser, ou preferir.

 Isto é o Paraiso! <3

Mas quando alguém contou... Você não viu nada! Tem medo de não descrever na integra, de mudar a visão do “dono da história” , de não parecer real por que não foi você quem viveu ou sentiu...

Como é complicado se desafiar! ><

 E como é cômodo fazer o que eu sempre faço, de modo confortável e seguro. <3 <3 <3

Eu daria mil corações para esta sensação de trabalho bem feito, de escrita satisfatória, de uma colheita feliz do meu ser escritora... Falaria mais e mais do meu amor pela escrita e de como a cada dia ela me completa e me comporta.

Mas como seria difícil esquecer que não fui capaz de cumprir a missão que me designei, nada de novo, sensações e descobertas, e o meu drama já tão conhecido e bem conduzido por mim mesma, eu não conseguirei aprender a fazer virar uma comédia como eu desejo.

Será que a minha vida também seguirá nesta linha? Drama, drama e drama! Nunca serei capaz de transformar aquilo já se definiu como dor em algo digno de riso?

Então serei uma escritora incompleta, um pedaço de algo que gostaria de ser, limitado por mim, incapaz de qualquer renovação literária! Nada de transcrever com emoção sem medo de errar, decepcionar ou simplesmente se libertar do medo.

Olha o DRAMA Grazy! kkkkk

 Estou assim, neste instante vivo um momento de aflição.

O meu texto esta pronto, mas não esta.  Ele esta do jeito que eu sei fazer, mas eu quero fazer do outro jeito, daquele que ainda não descobri o caminho, ainda insegura em iniciar a viagem por não conhecer nenhuma trilha, por que o que sei se resume em lembranças de viagens fracassadas.

 Estou entre o que sou, e o que quero conhecer de mim.
 Em duvidas de como ser aquilo que nunca fui.

Preciso encontrar o caminho, ou me conformar. Talvez beber algo forte ajude um pouco! :p

Só sei que o prazo se aproxima, e o texto não chega perto do que eu quero.  Já iniciei uma nova história assumindo a escritora segura e cheia de passos firmes. Eu poderei entregar o novo, aquele da escritora de hoje e sempre, e me banhar de satisfação. Com certeza posso esquecer o outro texto, logo ele sumiria de minha memória e eu apagaria do meu computador, ou apenas o deixaria lá, sem me importar com isso, deixando claro que foi uma escolha e pronto.

Assumir o meu drama e me renovar apenas nele, isto não seria de todo ruim.  Será bom garantir este aprimoramento, me reinventar naquilo que já faço também pode ser bom.  Eu só não sei o que faria com aquilo que não conheci, e como lidar com as chances que não me permiti por não tentar nada novo.  Não tenho como saber isso apenas com especulações.

Se eu conseguir, publico o conto aqui. Se não, jamais tocarei neste assunto novamente.

Para Hoje: Escrever é transcender, não desistir é a missão.




quarta-feira, 20 de julho de 2016

Poesia - Presságio

Tenho muito a dizer, e direi. Mas por hora só uma poesia, que por vezes é o que me consola. 
Afoga as minhas tristezas, transforma minha energia, e libera em forma de alegria. 
Por mais dias de poesia! <3 

Para hoje: Uma poesia que me encantou por tanta delicadeza. 




Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…


Por: Fernando Pessoa.





sábado, 16 de julho de 2016

Diário da Artista - Mulheres a luta não pode parar!

Ser intensa muitas vezes, ou quase sempre é muito ruim. Quando acontece algo que me deixa triste, eu fico mal a ponto de não dormir e não fazer as minhas coisas da forma como costumo. E assim também acontece quando fico feliz, ou eufórica. Os meus nervos ficam a flor da pele, eu não controlo nada, simplesmente as emoções me dominam. :P

Ontem fui a uma roda de conversas com mulheres que lutam e participam ativamente da busca pelos direitos das mulheres em suas diversas vertentes. Eu queria chorar. Tantas coisas a aprender e ensinar que me deixou sem chão, mas me levou as nuvens. Mesmo cansada fisicamente, eu não pensava em nada que não fosse: “Não estou sozinha, nunca estive e jamais estarei”.

Várias mulheres disseram muitas coisas, umas com mais consistências, outras com menos, mas todas tinham vontade de mudanças, de melhorias, direitos... Até eu me aventurei a falar, mas eram tantas coisas a dizer, tantos aspectos a apontar que fiquei confusa. Então escolhi três pontos e falei, até mais tempo do que deveria, mas se pudesse falaria a noite toda sobre o assunto. :)

Diria tudo o que disse, e que não canso de escrever, de gravar e conversar com as pessoas, além disso, também diria que não somos obrigadas a nada, inclusive não ser feministas, a não lutar pela causa, bom mesmo que não precisasse nada disso, que tudo fosse natural, assim como é a vida das pessoas. Bom seria que todos tivessem consciência disso.

Muitas vezes eu queria ser diferente daquilo que sou, eu tento muito isso. Ser mais realista quem sabe, menos romântica com as coisas, meu excesso de otimismo muitas vezes me atrapalha, me impede de enxergar algumas coisas que deveriam me parecer óbvias. Isto é ruim.

Eu já tentei muito mudar, por vezes consegui e coisas boas aconteceram, outras me confundiu mais, e nada mudou. Mas ter uma noite tranquila de sono após algo tão sublime parece estar fora do meu alcance. L

Senti que somos muitas e tão poucas, ainda nos descobrindo como mulheres e tentando ser parte de nós mesmas. A consciência as vezes dói, mas também nos faz crescer, nos liberta.

As mulheres estão a mil por hora, a luta tem vários nomes, condutas e caminhos, mas nada a mantém viva como a união e o trabalho em prol disso, e estar certa de que tudo pode e deve mudar.

Olha eu, romântica de novo!  

Para hoje: Todo dia é dia de luta!

Segue abaixo as fotos do evento.

Com Juliana Cardoso, vereadora que me convidou para este encontro incrível. Muito obrigada!

Com as meninas... Rosa, Luciana, e Andreia.

Dra Anke Riedel.

Com Raquel Moreno. 



sexta-feira, 15 de julho de 2016

Espera

O silêncio
   é o
          Grito
Desesperado

                    De esperar
                                       a
                                            dor.

Grazy Nazario.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diário da Artista - Missa de Domingo


  Já fazia certo tempo que eu não ia à missa, não falarei em meses, mas não é pouco. Mesmo sem ser muito religiosa, quando penso em igreja costumo ir a católica, pois fui criada a partir desta crença. Assim, quando sinto vontade de uma energia coletiva, vou a igreja do meu bairro, que é um lugar onde me sinto bem.

Gostei quando soube que todos os domingos, o padre esta convidando alguém para falar durante a missa. Neste domingo a convidada foi uma representante do MST. A mulher do Movimento Sem Terra falaria sobre as suas batalhas e dificuldades, e de como é ser um “sem terra”.

A convidada do Padre Paulo começou a falar sobre a luta  no movimento dos sem terra, disse que além de ser negra, mulher e pobre (não consigo imaginar coisas piores para se viver em nossa sociedade), tinha vindo do interior da Bahia a procura de uma  “vida melhor”, já que aqui em São Paulo é a terra dos sonhos, quando se fala em trabalho.

Apesar de se dizer sem estudos e sem grandes oportunidades de empregos (e eu super acredito), Maria parecia bem esclarecida, via-se que era bem informada, inclusive citou a lei que garante a todos o direito a moradia e aos estudos... A convidada também comentou quanto ao preconceito e como as pessoas enxergavam a situação sem ter o mínimo de conhecimento do que se tratava as suas batalhas.

Até aí tudo bem, no entanto, a realidade não acontece nos palcos, é nos bastidores que as historias se faz verdadeiramente.

Eu comecei a olhar para os lados porque notei muitos cochichos, aí a minha atenção se dividiu. Ouvi algumas pessoas reclamarem e dizer que a mulher estava falando de politica, e que ali não era lugar do padre dar voz a ela. Homens, mulheres, jovens, idosos... Todos se queixavam de precisar ouvir a convidada, e alguns foram até embora.

Fiquei muito brava!

Eu não entendo como pessoas que estavam ali em busca do perdão dos pecados, e acreditavam na pregação de Cristo pensavam daquela forma. Preocupados com a fala como se ela falasse de partidos, e não de política publica, de pessoas, e de cidadania!   

Como assim falando de politica? Tudo é politica! Eu olhei para a mulher que resmungava e comecei a falar sobre as pessoas ignorarem que a politica somos nós e como lidamos com tudo a nossa volta. Ignorar isso não é apenas se omitir diante de decisões importantes, mas permitir que desgraças sejam feitas. Permanecer de braços cruzados diante de um crime é o mesmo que puxar o gatilho!

A minha irmã me chamou a atenção, disse que na igreja não era lugar de brigar! Além disso, conhecemos o Padre, e eu nos faria passar vergonha. Respirei fundo.

Por fim continuei a ouvir o seu testemunho de luta, sabemos que nem todas as pessoas pensam no próximo como Maria, o MST carrega muitos problemas, mas em todos os setores e grupos existem problemas, e não dá pra julgar todos por uma minoria. Assim como eu não fiz com os presentes na missa de domingo.

Poucas pessoas foram embora, a maioria ficou a ouvir, alguns a contragosto, mas ouviram o relato da mulher até terminar. Ao final alguns comentavam que as coisas não eram bem do jeito que a imprensa mostrava, e ela foi muito aplaudida.

Mas enfim... A missa foi bacana, o Padre Paulo Sérgio Bezerra é o melhor que existe! Sempre nos apresenta a reflexões, nos instiga a pensar em nós e em nosso lugar ao mundo diante do outro e pelo outro, nos ajuda a transcender de nós mesmos.

Prometo não demorar a voltar, as palavras quando bem ditas nos tocam divinamente, e como foi bom receber a sua benção.


Para Hoje: Senhor escutai a nossa prece!

Texto: Grazy Nazario. 

sábado, 2 de julho de 2016

Self com Haddad - A missão




Está no simples, os sonhos mais sofisticados.

Falar sobre ser fã ou admiradora de alguém não é fácil. Eu sempre digo que isto é bobagem de certa forma, já que até mesmo os artistas e todos aqueles considerados “celebridades” em sua maioria são, e se percebem como pessoas normais sem grandes diferenças dos “reles mortais” como nós. A fama é muito instável e passageira, aliás, como tudo, portanto são os feitos que nos fazem, a todos nós.

Hoje foi um dia mega agitado, sabe aquilo que você sempre espera e planeja, mas que parece nunca acontecer? Então hoje aconteceu. Há tempos eu falo sobre a minha vontade de tirar uma foto com o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, por fazer parte do coletivo da vereadora Juliana Cardoso, se torna mais "facil" de acontecer. Sempre um ou outro do grupo aparecia com fotos junto ao prefeito, tem algumas que já poderiam montar um álbum com o homem, e eu nada! Kkkk

Todos me falavam que logo eu conseguiria, mas nunca acontecia, as vezes que ele estava perto eu não comparecia no evento, ou quando eu estava era ele que faltava. Eu ficava brava, mas não desisti.

Eu não queria uma foto com o prefeito por acreditar que ele é superior a mim, ou que é uma grande celebridade distante da minha realidade, o meu direcionamento com ele é pessoal, é como uma “divida”, e enfim consegui pagar.
 Nenhum politico faz favor ao nos possibilitar contato com o que é nosso por direito, mas diante de uma realidade excludente, quando alguém faz isso é realmente bom.

Já cansadas de minhas lamentações e necessidade de dar o meu “recado” ao prefeito, as minhas amigas (lindas) Silvia e Sandra fizeram até um esquema tático para que este feito fosse possível, e além de emocionante foi muito divertido. Ficaram observando do alto do prédio da Unifesp que foi inaugurada na Zona Leste de São Paulo, onde estávamos esperando a sua chegada. Assim que ele foi visto por elas me avisaram aos gritos  para que eu fosse até ele, e eu fui.

O meu encontro com Fernando Haddad foi simplesmente maravilhoso, enfim disse a ele que me formei na Universidade graças ao programa do ProUni que tanto elogio, também disse que ainda farei meu doutorado nesta Universidade que meu bairro conquistou (kkkkk olha a viagem). Além disso, falei a ele sobre a necessidade de viabilizar mais mulheres na politica e que elas tenham realmente espaço por que a nossa voz precisa ser ouvida. Ele ficou feliz quanto a minha formação, e disse saber o quanto isso faz bem para as pessoas, mas que ouvir é bom, também falou que eu tinha razão quanto a voz das mulheres... Depois saiu correndo, no mínimo com medo de que eu contasse toda a minha vida e também falasse sobre as necessidades da educação, saúde e etc.  :p

Mas meio a isso consegui a minha tão falada self, além de outros registros que as meninas fizeram. Foi uma euforia que explode até agora. Muitos me disseram que sou boba por tanta empolgação por alguém da politica. Dizem que “nenhum deles prestam...”

Mas eu não acredito nisso, ainda acredito nas pessoas, e nas melhorias que podemos fazer umas pelas outras, e isto é fazer Politica. Eu acredito na ideologia, e em como ela nos alimenta e nos torna mais “vivos”, mesmo quando não enxergamos saída, e as dificuldades parecem querer nos engolir, é a nossa esperança na vida e nas pessoas que de algum modo nos faz voltar a tona e prosseguir na luta diária de viver.

Eu acredito que a educação muda as pessoas, elas podem mudar o mundo, e tudo aliado a arte e cultura é transformador. 

Talvez seja utopia, a minha utopia que divido com mais algumas milhares de pessoas que ainda conseguem sorrir, mesmo sabendo das diferenças discrepantes, e acreditam que a educação pode dar conta.

Prefeito Haddad tu é uma graça. Dilma, você é a próxima! ;)

Para hoje: O sonho é o alimento da alma. Se alimente diariamente.



  


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Poesia - O viajante

Artista: Lasar Segall
Navio de emigrantes, 1939/41
Óleo sobre tela
230 x 275cm


Perdi a hora. Para fugir a bomba não acorda
Tiros não mais me assombram
Mas se me pegar, quem cuidará de Ana?

Embarquei, notei as vestes únicas, úmidas.
O navio sujo, cheio. Falta falta ar, mãos vazias, a vida a deriva.

O sonho é não sonhar
Dormir é o bastante, meu montante
A viagem é o ato, a esperança turva, chegada incerta, disputa pura

Assoalho barro de Deus
Capitão rei encenação
O Navio negreiro nunca esteve em extinção.

Dor inconsciente também dói
O medo de sofrer destrói
 Quem será meu algoz

Tomei a voz que não me ouve
O trabalho não é fardo
Lá esta a guerra
Aqui morre os refugiados.


Por Grazy Nazario.

domingo, 12 de junho de 2016

Diário do artista - O preço de ser FIEL - Salve o Corinthians!


Sempre que tem clássico entre Corinthians e Palmeiras é uma verdadeira guerra em casa.

Sim, temos uma parte de palmeirenses e outra de corintianos, somos desportistas até certo ponto, mas tem horas que a coisa fica feia, e quem não é de “casa” muitas vezes até se assusta, mas nunca chegou a ser nada serio, ou quase.
Mas nem sempre foi assim...

Quando tem um jogo dessa grandeza eu me lembro da minha infância, e comento com todos, principalmente com os recém chegados à família o meu histórico de luta, e sim, faço isto com muito orgulho.

 Eu cresci em um núcleo de palmeirenses que não aceitavam a minha voz, queriam me calar, e não me deixar feliz... Assim quando eles ganhavam me zoavam e eu chorava, e quando nós ganhávamos não nos deixavam comemorar. Isso era a minha revolta maior, para assim nos forçar, eu e o meu primo a ser o que não queríamos. E é assim que todos os opressores se comportam, querem nos calar, nos deixar tristes e sem direção. Mas não é bem assim, e não deixaremos ser, não mais.

Cresci cada dias mais corintiana, aquilo estava errado e eu jamais cederia. Além de torcer, entendo de futebol, e sempre disse que mulher podia fazer tudo o que quisesse, e sim, quando adolescente eu jogava num time de futebol feminino. <3

Eu sempre briguei pelo meu espaço neste quesito, as vezes o meu pai levava tudo muito a sério, parecia meu inimigo. Muitas vezes eu me perguntava por que gostava tanto daquele símbolo, por que o hino me encantava tanto, desenhava desde os sete anos o escudo do Corinthians em tudo quanto era lugar. 
 Até ouvir da minha mãe uma história. Ela me contou que eu atrasei quinze dias o meu nascimento, até nascer no dia 1º de setembro, que não por acaso é o dia do aniversario do Corinthians, pensa se eu não chorei de emoção!

A partir deste dia eu não tive mais duvidas, sou predestinada a torcer por este time!

Hoje eu não sou tão fanática, não como antes, nem perto do que era antes, creio que toda euforia e batalha tinham um viés maior que títulos e futebol, era briga por espaço e expressão, “não opressão” e sim aos direitos das mulheres, e de ir e vir como pessoa.  

A minha mãe enlouquecia, também é corintiana, e até hoje ela fica preocupada com as encrencas. Os meus irmãos e primos, a maioria cresceram palmeirenses, a minha irmã eu salvei para o meu grupo e conquistei novos aliados, os meus filhos e sobrinhos aprenderam a amar o Corinthians também. A disputa ficou só mais emocionante! Eu fiz de tudo para que eles escolhessem sozinhos, para não sofrerem o mesmo que eu, mas com a doença e soberba dos palmeirenses ao querer impor algo, não foi tão difícil.

 Temos nosso mundial LINDO que eles tanto nos invejam!

Não tento aqui provar que o meu time é melhor, embora seja kkkkkk

Até perdemos hoje! :(

A ideia é a liberdade, de escolher a quem seguir, e o que fazer da própria vida, e das próprias vontades.
 Ser livre é a missão.

Ninguém irá me dizer o que fazer, a que politica devo seguir, seja por partidos ou clubes de futebol. A minha fortaleza é saber que sou unidade, e que nenhum sofrimento se assemelha a ser aquilo que você não é, ou seguir a partir de alguém aquilo que você não acredita.

Hoje o meu time perdeu, mas quem ganhou foi eu por não ter desistido em momento algum de ser Fiel!

Sou fiel de Corinthians, sou fiel a Grazy. E será assim sempre!

Para hoje: Salve o Corinthians!



Grazy Nazario. 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

As flores de cada dia


Assim que eu vi minha florzinha de mesa murcha e com algumas flores caindo fiquei triste, não podia fazer nada pra salvar a vida da planta. Reclamei desanimada, disse que a coitadinha parecia estar perdendo a vitalidade, assim como acontece comigo as vezes...

Mas as respostas podem ser sábias, mesmo quando simples e sem grandes pretensões.
Então minha colega de trabalho disse:

- Não se preocupa, você cuida dela, ela esta apenas trocando as folhas e flores, repara como as que caem  estão com novos botões, e onde também não tinha antes, irão nascer novas.

Eu sorri e me conformei.


Ficará mais bonita, renovada e mais forte. Assim como acontece com nós. 


Para hoje: Mais flores! :) 









quarta-feira, 1 de junho de 2016

Diário do artista - Quando o trabalho nos enobrece

Todos os dias podem ser especiais de alguma forma, mas em algumas ocasiões percebemos isso de forma intensa, então tudo se torna mais significativo. Por vezes a consciência é algo muito gratificante.

Hoje fui fazer o registro de um evento no meu trabalho, mais um entre tantos, serviço corriqueiro, ao menos era o que eu imaginava. Tratava-se de professores que formam um grupo de trabalho e pesquisa sobre direitos humanos, mas hoje o tema era gênero. As pessoas que me conhecem pouco ao iniciarem qualquer conversa logo notam o meu interesse pelo tema, e as que já me conhecem já se acostumaram com as minhas falas. Assim fica fácil dizer que eu me senti em “casa”.

O curso teve uma dinâmica bacana, pontuar de forma simples aquilo que eu falo todos os dias, “os homens tem muitos privilégios diante das mulheres”. Estava tudo bem, e eu falando mais que tudo e trazendo alguns assuntos a tona. Até que algo me calou.

Uma moça presente, que tem por volta da minha idade com uma fala muito segura abriu para o grupo que havia sofrido um estupro. A minha língua gelou. Claro que o assunto da moça do Rio de Janeiro, e o caso do estupro coletivo veio a tona, mas eu ainda estava atenta a ela. Existia alguém do meu lado que havia sofrido o maior temor de qualquer mulher neste planeta. Eu estava diante da estatística, o real estava ao meu lado.

Ela viu como eu fiquei “paralisada”, mas eu queria saber mais, precisava saber mais, e logo o meu sentido investigativo me impulsionou. Mencionei sobre a culpa que a mulher carrega nos ombros, seja lá qual for a situação, então ela iniciou o assunto para o nosso pequeno grupo.

Os detalhes do acontecido são mais que assustadores, mas pior que isso é ter certeza de que se trata da rotina de qualquer uma de nós. Ela nos contou que ia para a igreja, e no meio do caminho foi abordada, também nos falou sobre o julgamento feroz que a “sociedade” fez sobre ela  durante muito tempo após o acontecido. Ela tinha vergonha de ter sido atacada, e é claro que diante da nossa cultura todas nós teríamos. Mas o pior esta longe de ser isto, algo ainda mais severo estava por ser dito, ao chegar na delegacia para informar o crime, umas das humilhações sofridas pelo delegado foi:
- Se a “putinha” esta insistindo, vamos ter que ir até o local investigar... 
Esta foi apenas mais uma, das varias violências que esta mulher sofreu neste mesmo dia.

Senti como se o meu coração fosse rasgado, os meus olhos encheram de lágrimas, e ela me olhou no mesmo momento, eu não queria que ela me visse chorando, mas eu não conseguia segurar, eu tentei impedir de continuar a sentir aquilo, mas quanto mais eu tentava, mais as lagrimas ficavam fortes. Daí ela me encarou, e disse que superou o ocorrido, e que perdoou o seu agressor, e que inclusive esteve com ele pessoalmente depois de se sentir forte para aquilo. E eu realmente acredito nela.

Eu gostaria muito que os homens nos ouvissem em momentos assim, gostaria que por poucos instantes pudessem ouvir o nosso coração, e entender que não queremos privilégios, queremos o justo. Queremos sair às ruas sem medo, e poder ter capacidade de viver a vida como escolhermos, seja lá como for, assim como eles fazem. Gostaria que muitos não fossem dominadores, como a sociedade os criou, e que entendessem que temos voz, e a cada dia ela soará mais alta, eles querendo ou não. São tantos pedidos a serem feitos, que muitas laudas não seriam suficientes.

Eu agradeci por ter participado daquela turma de hoje, o trabalho enobrece quando assim nos permitimos, senti que a minha alma foi tocada pela humildade e força daquela mulher, que talvez não saiba, mas ensinou a muitos hoje, pois se se expôs sem medo dos julgamentos que já lhe assombraram um dia, além de nos presentar por sua capacidade de perdoar e superar algo tão profundo.

Para Hoje: Que o nosso grito de socorro não seja mais ignorado. 
                   Podemos assim sonhar com a felicidade consciente.


Grazy Nazario.


sábado, 14 de maio de 2016

Poesia - Escrita

Eu escrevi em linhas tortas,
Usei a ternura muda,
sonhos molhados,
raras condutas.
Surfei em emoções, surtei corações
Calei a alma inquieta,
desisti,
sou poeta.

Grazy Nazario. 

domingo, 8 de maio de 2016

O Diário do artista - As dificuldades de viver o Hoje

Viver o presente é uma tarefa complicada.

Eu nunca tinha percebido isso da forma como sinto agora. Idealizar o futuro e lamentar o passado nos deixa “ocupado”, trabalhar em prol de algo que não temos certeza ou depositar forças e esperanças naquilo que não temos controle, ou que simplesmente não existe mais, parece cômodo.

Quando eu lamento o passado, e tudo o que poderia ter feito diferente do que fiz eu sofro.

 E o que poderia fazer eu me sentir mais viva do que sofrer? Isto mesmo. O sofrimento garante para a minha mente sente noção que eu estou viva, e que eu vivi algo que foi bom ou ruim. Assim também acontece com o futuro. Ele não existe, e a partir daquilo que sinto hoje planejo o futuro e me perco em devaneios de comparações com o passado. Assim me travo em atitudes, me abstenho de emoções e planejo, planejo e planejo... E vivo o presente de forma precária.

Claro que existem outras formas de me fazer sentir a vida, alias existem inúmeras maneiras de fazer isso, mas desse jeito é muito mais fácil.

Mas o presente de verdade... Este é um coitado esquecido, as vezes me percebo vivendo pequenos lapsos de “hoje”, e logo as lembranças (geralmente ruins), e as aspirações (geralmente ótimas) tomam a mente, e ele, o HOJE, se perde e fica esquecido. Talvez este passado tenha sido tão mal vivido como o de agora, e assim vamos nos enganando de brincar em instantes de presente.

O hoje é a única certeza, é a verdade, e a única esperança. Eu odeio quando perco o HOJE, me sinto uma fracassada quando lamento o passado, e odeio mais ainda quando aspiro demais o futuro.  Tento respirar fundo e voltar para o meu hoje, para a minha verdade, e a minha luta. As minhas angustias não podem superar o meu conhecimento, e ele me diz que eu sou forte o  bastante para superar as dores, e grandiosa e humilde para receber as vitórias.

A fé precisa ser renovada a cada instante, o conhecimento do passado precisa ser absorvido e não necessariamente lembrado, ele esta em nós, tão naturalmente que nem percebemos quando se instalou, apenas sentimos e praticamos. A esperança futura esta na fé e na certeza de que conduzimos o Hoje de modo consciente, e que saberemos o que fazer quando os obstáculos forem desconhecidos.

O viver é hoje, e só.

Para hoje: VIVA.


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Diário do Artista - A minha amiga



Amizade é uma coisa muito séria, mas muito mesmo. Não é todos os dias que encontramos pessoas que nos acompanham por toda uma vida, somem e ressurgem, e mesmo distantes torcem com amor por nós.
Esta que esta comigo na foto é a minha amiga Gisele, posso dizer que é a minha melhor amiga, ao menos eu a defino assim, e todos da minha família, assim também a família dela.

Nos conhecemos no nosso primeiro emprego, tínhamos quinze anos, e é claro que eu não preciso dizer a nossa idade hoje! kkkkkkkkkk 
Só digo que ela é meses mais velha! 

Eramos duas meninas, e ainda somos, aprendemos muitas coisas juntas no trabalho, e também com o nosso ex. gerente Jefersson , que até hoje nos perturba nas redes sociais.

O tempo foi passando, e saímos da loja do shopping, mil histórias e confusões, ela já conhecendo o meu jeito briguenta e feminista, e eu a sua teimosia e birra de sempre! 
Era muito mais diversão e descobrimentos do que qualquer outra coisa. 

Vivemos mil coisas, e nunca nos desgrudamos.

A Gi é pequenina no tamanho, tem um jeito doce, mas não se engane, é brava que só! 
Mas também procura ser sempre justa, além de ser um exemplo de mulher forte, e trabalhadora. A sua vida é marcada, como a de todos nós, por coisas ruins, ou que simplesmente não esperamos, e eu não sei se conseguiria passar por suas angustias e sair ainda cheia de força e esperança. 
Eu tenho uma característica forte de brigar pelos direitos das mulheres, mas a minha amiga também briga a sua maneira, reconhece o seu valor como mulher, além se ser uma mãe maravilhosa! 

Claro que parece que estou puxando o saco, afinal é aniversário da minha best, mas é realmente como eu a enxergo, e quanto mais a conheço, mais tenho mais orgulho de ser sua amiga, dividir as aflições e alegrias e saber que posso contar sempre com alguém como ela. 

Hoje como é seu aniversário, é um bom dia para fazer esta homenagem,
 e cobrar mais a presença dela! :P  

Neste dia desejo um grande aniversário para esta garota linda, entusiasmo, força, alegria e sonhos diversos para prosseguir com fé. 

Desejo principalmente aos leitores que a vida lhes permitam grandes amizades como a que eu descrevi, que seja possível apontar uma melhor amiga que te apoie, brigue, guarde os teus segredos e que jamais te julgue. 

Que todos possam ter uma "GISELE" em suas vidas.  
FELIZ ANIVERSÁRIO GATA! 

Para Hoje: Amiga, se sumir mais uma vez, nunca mais faço declarações para você! <3

terça-feira, 26 de abril de 2016

Diário do artista - A prova do artista

Fiz uma inscrição em um concurso público para professor, e fui fazer a prova. É possível que muitas pessoas de meu círculo de amizade se identifiquem com as minhas impressões. Eu espero que sim, por que me sentir “louca” sozinha seria muito solitário. 

No ato da inscrição e durante o período preparatório tudo estava bem, eu quase não reclamei ou questionei os métodos de avaliação do concurso ou coisas do gênero. Eu nunca fui muito a favor de concurso público, ainda mais ao pensar na arte como arte. Apesar de saber que  precisamos de dinheiro para sobreviver (a minha mãe vive dizendo isso), e que uma certa “estabilidade” é algo a se pensar, a ideia de me sentir presa a um determinado lugar ou situação sempre me passou a impressão de limitação artística, e isto me bloqueava algumas vezes.

Mas, superadas as questões artísticas e de um possível bloqueio de criatividade ou limitação, eu decidi que faria o exame, afinal, lecionar é também um meio de expressar a sua arte, sem contar o quão enriquecedor é estar com mentes criativas e tão cheias de vida e novas propostas... 
Os alunos são muito tudo isso. <3

Assim que peguei o caderno de questões estava disposta, mas ao começar a ler e ver aquelas “pegadinhas” imbecis, que serve para eliminar por descuído o participante. Como algo deste tipo pode medir a qualificação de um profissional da educação? Imaginei algum aluno meu, fazendo uma prova com aquele sistema de avaliação, sendo que, o que esta sendo proposto na educação é exatamente ao contrario! 
Então notei que na prova tinha uma dezena delas, ou até mais, aí desanimei.

Passei a refletir o quanto nos colocamos em situação de invalidez diante de não conseguir passar em uma avaliação dessas, e também na dificuldade de praticar aquilo que estudamos e vivemos no dia a dia. Entre as aspirações utópicas enfim cheguei na prova especifica, ou seja, Arte. Neste momento eu imaginei que saberia a maioria dos conteúdos, e que em momento algum perderia tempo com estas reflexões fora de hora, mas a coisa piorou.  Vi o quanto estou desatualizada, e que mesmo indo à exposições regularmente, preciso ir ainda mais.  Parei para pensar que a arte esta a cada dia mais mercadoria e menos reflexão.

 Irritei-me ao lembrar-me dos meus livros prontos, e as dezenas de ideias e projetos que tenho em minha cabeça, cadernetas e no computador! E como me incomodou o fato de estar ali sendo avaliada por analisar a arte alheia, ao invés de estar produzindo a minha! Fiquei mal. :P

No final refleti sobre a importância da prova, da minha arte e dos problemas na educação.  

Pensei, pensei e pensei... Preenchi tudo e entreguei.

Então decidi:  


 Que se foda essa porra toda!  Essa TPM só me FODE! 

Para hoje: Nada substitui a arte que carrego em mim, e como eu gostaria que fosse o bastante para viver. 


A pilula da Verdade


Depois de escolher a pílula VERMELHA não adianta mais espernear.
A verdade irá jorrar os horrores do mundo sobre você,
A luta fará parte de sua rotina, a tempestade lhe parecerá sem fim, e ainda assim você não irá conseguir desistir dela.
E se ainda assim preferir voltar atrás e fingir que nada viu, se tornará mero traidor de si mesmo, e nenhum conforto aparente se fará o bastante, em momento algum será feliz, e o caminho para qualquer coisa perto disso estará fechado.

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#buscadaverdade
#amaravida